sábado, 12 de dezembro de 2015

dos vários sentidos de prosaico

(prólogo: prometi a mim mesma que não faria com você o que eu fiz com ele, ou seja, sem idealizar ou me esconder na minha fantasia. mas só o fato de eu escrever isso me faz ver que eu menti. perdão. eu afasto os que me querem sempre e luto por aqueles que estão ali só de passagem. você foi a minha passagem mais bonita) 

há algo de misterioso nessa época do ano. são as noites de dezembro e janeiro repletas não só de calor, mas também de possibilidades. foi numa noite dessas que eu percebi que você era mais do que eu imaginara. um lado meu ainda não aceitara o óbvio- gosto de você. instintivamente acho que sempre gostei (afeto com misto de admiração).

noite clara e abafada. só agora que eu entendo conceito de festa universitária: cerveja barata. desconhecidos adoráveis. pré disposição pra romance. e claro, irresponsabilidade e uma incrível habilidade de tomar péssimas decisões. como sempre, tudo o que você me mostra e faz  - por mais modesto e prosaico que seja- me toca profundamente. estar ali, por mais inesperado que fosse pra minha rotina, parecia certo na medida em que você me queria ali. esse é o problema de se gostar: o pouco basta. sua vontade bastava e era mais do que suficiente pra me colocar ali.

as memórias são confusas e a ordem dos fatos não me importam. não sei se foi a luz, o álcool, a droga....sei que me senti a Outra (não é uma sensação inédita) e uma parte do meu incompleto coração se rompeu em lágrimas, raiva, dor e alívio (?) minha fé em você não é cega e incontestável , eu conheço seus desvios, suas loucuras, o seu egoísmo altruísta e sua insensibilidade pra essas coisas. e o pior de tudo isso, mesmo conhecedora dos seus vícios, eu os perdôo quase que inconscientemente. eu só não poderia suportar ver aquela cena - hoje quando eu acordei até parecia inventada, aquilo não aconteceu, aquela era eu ou pelo menos, aquele não era você 

seis horas eu era sua
sete horas uma parte minha era aquele emaranhado lindo e acolhedor de gente
oito horas eu era -mais um vez- minha 
nove e meia eu fui embora e deixei pra trás um beijo não tão sóbrio e um sorriso desconfiado 

saí correndo a pé pra casa (não por me arrepender de ter ido), mas por me sentir insuficiente. você é mais uma daquelas belíssimas passagens que me faz sentir assim, se vale do meu masoquismo e me faz chorar em silêncio, me disfarçando de contente. 
sou ingênua - Júpiter em peixes, muito pura e eu não aprendi com o meu último velho amor. 

algumas feridas fecharam e eu sei que meus planos com você também irão. 
- um amor tão curto 
   para um tão longo esquecimento -

nos vemos no próximo verão.