(me falaram que seriam quinze dias)
que vontade
aquela vontade que faz a gente
morder os lábios
que vontade de sair
de festa
de bar
de tumulto
de abraço
de calor
cansada dessa secura
da braquitude das paredes
dos ângulos retos de cada canto do apartamento
sei que casa é sinônimo de lar
mas a rua também é acolhimento
um acolher estranho e às vezes hostil
que nos engole
e nos faz pertencer ao mosaico caótico
da cidade do sol do caos dos cariocas
que vontade de rua
de ocupar as esquinas
de manifestação
de samba jazz música
de gente perto
de carinho
o desejo é romper com a regra
e fugir pra gente rodar a cidade
tentar se achar
e reclamar do trânsito metrô
que nada funciona
mas ver o povo trabalhando
enquanto assistimos à orquestra
mais ou menos harmoniosa
que é o cotidiano brasileiro
que vontade de você
de toque
de andar de mãos dadas
de traçar jornadas sem muito
ou pouco sentido
que vontade de ficar
de ficarmos
bem
juntos