quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A gravidade e suas desvantagens

O peso de amar a si próprio é a carroça de pedras que carregamos desde o verão passado.
A luta por ser algo melhor; a batalha que travamos com o que somos e o que  queremos ser, com o presente e o futuro, com o medo e a incerteza. 
Meu joelho arde de tanto jurar que não seria mais assim, que não ia deixar a solidão - tão amarga e dolorida se tornou doce- nos consumir. Na verdade, menina, foi tudo um tiro no escuro, sinfonia para surdos. Suor indetectável, mas presente. 
Foi assim, quase que no esquecimento, que juntei nossas pedras e construí um castelo, que vai ser nosso abrigo da chuva.
As linhas que tracei na janela suja preenchem as marcas do meu sorriso. Duro é me amar, pra te amar mais e melhor.
Tô me encontrando no silêncio das mais distintas risadas, cruzando a cidade com a bússola que você me deu, que tá aqui dentro, tatuada em mim.
Nos olhos dessas pessoas descubro lugares, sabores e sonhos e de repente, não sou mais limitada. De repente, sou capaz de decifrar o código secular de como me amar e compreender tua dor. 
As pedras são ásperas, mas nos pertencem. Assim faço do seu abismo banhado de angústias, das suas palavras disfarçadas, uma cama de folhas e flores, onde velo teu corpo jovem, triste e azul. 
Luto por nós.
Atire a primeira pedra quem nunca o fez

para sofia 

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Estibordo

Porque naquele dia o nosso abraço paralisou o tempo e deixou o vento cantar sozinho no pé do meu ouvido. É o aperto no meu coração, o aperto daquele abraço, que me fez remar e adentrar esse mar, o vasto oceano que uma vez teve seu nome Foi aquele azul intenso e feroz, que me engoliu e agora me devolve na ressaca seca e amarga. Naveguei entre nossos corpos, percorri cada corrente naquele instante quase infinito. Hoje naufrago no solo hostil do deserto que foi te amar
O nó dos nossos braços compunham a casca mais impenetrável dos mares, mesmo com alguns remendos e cacos, resistiu a tudo, menos aquela maré que te fez ancorar em outras terras
Nesse porto que eu guardo, existem ainda algumas lágrimas salgadas e camufladas, que vão evaporando a medida que o calor daquele abraço se torna só mais uma onda
Agora o que me resta é construir com os ossos daquele Amor meu barco e buscar paz em um cais qualquer