Oi
Não te escrevo há algum tempo
É que a vida tem andado bem esquisita
E confesso que tô meio perdida
Aquela minha vontade de sumir, sabe? Voltou
O peso da ansiedade me esmaga
Sou muita pequena pra fardo tão grande
Ela é como uma corrente de ferro batido
Que me faz ser devagar
Como você vê, criamos inimizades
Era de se esperar, afinal
Acontece que se eu olho muito pro céu
Ou penso coisas bonitos,
Esqueço dela
A corrente vira pluma
E fica menos dolorido ser quem sou
Só que cansa
Diariamente
Tento me reconstruir
E levantá-la sozinha
Se eu pego trânsito
Se eu me atraso
Se eu tenho um pesadelo
Ela triplica de tamanho
E me cerca com sua aparência áspera e suja
Me sufoca
e até o ar que sai de mim
o suor da minha carne
dói
A corrente
- forte do jeito que é -
Se estende
E alcança meu futuro
Se fechando
E me prendendo
Curioso é que meu cárcere privado
Sou eu mesma
Minha rotina se resume a buscar
Romper esse ciclo autodestrutiva
O exercício é
contar até dez
me amar
me querer bem
olhar no espelho
e não ver um rosto tão triste
nem olhos vazios cansados exaustos quebrados
Não vou mentir, a medicação ajuda,
porém como tudo ultimamente,
tem doído também
Lembrar todo dia
"Vai passar"
Hoje já não sei se passa mesmo
Porque a corrente ainda está aqui
Com os meus medos
Permeada de terrores
E noites mal dormidas
Nada a apaga
Nada a destrói
Penso até em decorá-la com flores
Margaridas
Minhas favoritas, sabe?
Lembra da vontade de fugir...
Então
É que justo a mim coube ser eu
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Pobre do Poeta...