segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Rascunho para um esquecimento salutar

Estava em todos os lugares.
Negar isso era como negar a luz do dia, a chuva que caía lá fora. Era negar a realidade. E jamais uma pessoa com juízo faria isso. Ela ria como uma criança abobalhada por simplesmente não saber desse tal de juízo. Só ele pra ponderar a situação.
Doía nela, doía nele. Pelo menos era o esperado. Ninguém poderia sair imune, disso todos sabiam. Não adiantaria se colocar numa prisão mental, tal que fosse proibido pensar. O pensamento dela pertencia a alguém que vivia no anonimato, sem tomar conhecimento desse mundo. Ele se tornou o vazamento da sua imaginação, um motivo para se esconder e ter vergonha. Havia fugido e se instalado em cada palavra do seu livro.
O homem não era mais nada da mulher. Era de alguma desnorteada com um parafuso a menos que só servia para confundi-lo e deixar a menina atormentada.
Em tempos antigos, ele a desejava ao ter sede, e ela o desejava ao ter sonhos. A sede o levou ao inferno e os sonhos a levaram a lucidez. Onde eles viviam não haviam sonhos nem desejos. Haviam esperanças inúteis e sorrisos forjados como forma de sobrevivência em rostos cansados.
"Estava em todos os lugares."
Era uma afirmação tola, porém real. Era poesia na forma de sangue e eventualmente, ironia. Era algo de outro mundo.
Agora, certezas nenhum dos dois tinham. Apenas dúvidas e mais dúvidas. Reticências que nunca se apagariam por mais que tentassem. No final, eles acabaram criando um certo carinho pelos pontos: para ele, lembravam uma saudade do seu passado mágico, e para ela, lembravam uma questão repetitiva e dolorosa: por que então acabar com algo sem fim?


Um comentário:

  1. Não é inho não! Com esse ps parece que vc está se desculpando de um texto, de algo que vc sentiu e ficou bom!
    Não conhecia esse seu lugar aqui... Já me sinto em casa!
    Parabéns! =)

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Pobre do Poeta...